sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Dragão de Sua Majestade

Sou fã da literatura de Bernard Cornwell. Já li uns quinze livros dele e tenho mais uns dois aqui na fila. Gosto do texto, dos personagens e, sobretudo, do fato dele conseguir encaixar perfeitamente sua ficção dentro de momentos históricos importantes, mas sempre tentando ser o mais fiel possível ao que teria acontecido caso seu personagem tivesse tomado parte de fato dos eventos reais.

Tendo explicado isso, é normal que, passeando pelas livrarias, eu acabe procurando por autores que tenham o mesmo tipo de proposta, embora dê preferência por aqueles que chamem minha atenção por oferecer algo mais (pois não espero que ninguém no mesmo estilo vá superar Cornwell). Numa dessas conheci e me interessei pelo primeiro capítulo da série de Temeraire, O Dragão de Sua Majestade, de Naomi Novik.

Novik compartilha parte de seu estilo com o de Cornwell. A trama se passa durante as Guerras Napoleônicas e os eventos reais do período são trazidos para o texto e influenciam a ficção. No entanto, O Dragão de Sua Majestade, obviamente foge bastante da realidade já que, como o título anuncia, há um dragão na história.

Na verdade Temeraire não é o único dragão na história. Na série de Naomi Novik dragões existem e são aliados dos homens, funcionando como combatentes dos exércitos. Na verdade, acabam sendo mais um tipo de aeronaves dos exércitos. Temeraire e seu capitão, Lawrence, são do corpo de aviadores do Reino Unido, e defendem seu país contra as investidas de Napoleão Bonaparte, cujo exército é temido graças ao grande contingente de dragões.

A premissa é interessante, mas a execução nem tanto. Novik até que se prende bastante aos costumes e tradições militares que criou para o cenário e tentou ao máximo se aproximar daquele período histórico, inserindo a dupla de personagens, aos poucos, à realidade da guerra. Mas, no geral, a impressão que tenho é de estar lendo uma espécie de Eragon no tiro de guerra.

Com todo o contexto histórico a ser explorado dentro desse panorama draconiano, a trama é muitas vezes deixada de lado para Novik focar na relação entre homem e dragão, gerando até certo constrangimento. Algumas posturas claramente não combinam com a realidade de um exército e tudo isso contribui contra a leitura.

Eu não diria que é ruim, e sim que é decepcionante. O enfoque é claramente diferente daquilo que eu buscava. No capítulo seguinte, Trono de Jade, a história de Lawence e Temeraire continua. E, aparentemente, o foco volta a ser a relação entre os dois, deixando todo o cenário histórico realmente em segundo plano.

Uma pena, a idéia parecia muito promissora.

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