quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

The Road To OR-Shalem

Mesmo que eu não fosse um grande fissurado por heavy metal, se ouvisse falar duma banda israelense misturando o metal com diversos aspectos da cultura de seu país, incluindo aí os instrumentos, língua, religião e situação política, teria que ir atrás e conhecer essa banda.

Essa banda é o Orphaned Land, e ela é, com certeza, uma das coisas mais originais na música nos dias de hoje. E isso mesmo estando dentro de um estilo que é claramente reconhecido por uma fidelidade às suas próprias tradições e clichês.

E, celebrando 20 anos de história, os caras lançaram no final de 2011 um DVD, The Road To OR-Shalem, com um show gravado em Israel, com várias participações especiais e enfoque nos dois últimos álbuns, Mabool e The Never Ending Way Of ORwarriOR (discos responsáveis pelo aumento de popularidade da banda, diga-se).

E como é impressionante esse DVD. Não é só o caso de ver como as músicas ficaram ao vivo, com tantos instrumentos tradicionais e as letras em línguas diferentes do rotineiro inglês, como o hebraico. A verdade é que o Orphaned Land é uma banda fantástica, e toda a sua originalidade, acidez e humor, combinam muito bem com o palco.

Esse ano o Orphaned Land vem tocar no Brasil. Mas, por enquanto, só no festival Metal Open Air, no final de abril, em São Luiz-MA.


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Little Wing

Tenho tentado não ser muito crítico com meus textos. Há pouca edição e as idéias vão surgindo de forma meio desorganizada. Mas se eu não "colocar no papel" essas idéias vão acabar se perdendo, como tantas outras que ficaram para trás. Por isso peço desculpas pelo caos dessa versão final. No final, a música culpada disso aí.


Que Deus me purifique com um relâmpago na cabeça se o que contarei aqui é mentira. Minha pobre mãezinha, que a terra floresça onde ela está enterrada, puxaria minha orelha até o vermelho ficar roxo se me pegasse numa mentira. Não é mentira, juro. Este é meu leito de morte, não há mais porque mentir.

Se naquele final de maio de 67 eu soubesse quem era o negão hippie que entrou no meu táxi... Juro que faria o possível pra devolver as coisas que o cara esqueceu no banco traseiro do meu ganha-pão. Mas eu não sabia! E não poderia saber mesmo, no meu rádio só se ouvia notícias do trânsito e a glória ao nosso bom senhor Jesus Cristo, aleluia.

Era final de tarde, estava me sentindo meio doente e me preparando para levar o carro pra garagem quando o hippie fez sinal pra mim. Carregava um violão, ou uma guitarra, pendurada nas costas, e mais algumas outras coisas dentro duma malinha que não dei muita bola. Admito que pensei duas vezes antes de parar, que Deus me perdoe, mas para um senhor respeitável, bom freqüentador da Primeira Igreja Batista do Santo Louvor Norte-Americano, não seria recomendável ouvir o que alguém desse pessoal teria a dizer. Mas a culpa por estar sendo preconceituoso pesou mais; parei ao lado e perguntei pra onde ele ia.

O negro hippie agradeceu, entrou no carro, ajeitou a malinha embaixo do banco e o violão, ou a guitarra, em cima das pernas, disse que ia pro hotel marcado no cartão, e me estendeu o tal cartão.

Era longe, mas era um bom hotel. Pelo retrovisor dei uma olhada na pessoa, e vi um jovem bastante animado e sorridente por trás daquela figura colorida e o cabelão que cobria parte da minha visão. Ele parecia querer falar, mas estava algo receoso. Sou taxista, sei dessas coisas, então mandei a isca pra ele, perguntei sobre o violão, ou a guitarra. Ele sorriu mais ainda e falou tudo que queria.

Ele se apresentou, mas não guardei o nome; no final do dia podia jurar que se chamava Ray Joe. Falou que era músico e que tinha acabado de registrar a última música pro seu próximo disco, que sairia em breve. Ele estava particularmente feliz com o que tocou no violão, ou na guitarra, no final de algo chamado Little Wing; disso lembrava bem, pois era uma canção sobre seu anjo da guarda. Lembro dele falar feliz que era a coisa mais bonita que já havia composto, e que só podia mesmo ser a ação do seu anjo da guarda ali, o conduzindo, totalmente sozinho no estúdio. Disse que se não tivesse gravado em fita nunca mais conseguiria reproduzir aquilo, de tão belo e perfeito resultado. Segundo ele eram mais de cinco minutos das melodias mais bonitas que eu jamais ouviria.

Estávamos chegando ao hotel quando a chuva caiu. Forte e densa, difícil de enxergar a rua. Aquele final de dia não conservava mais quase nenhuma luz do sol, e eram os faróis e postes que brilhavam entre as gotas d’água. Parei em frente ao prédio, recebi o dinheiro do hippie, pouco amassado, na verdade, e ele saiu correndo para se proteger da água, carregando o violão, ou a guitarra, de modo a não molhar muito.

Mas acabou esquecendo a malinha.

Naquela noite cheguei em casa gripado, e pela madrugada já estava com uma forte pneumonia. O médico me atendeu em casa, e me mandou ficar cinco dias descansando, longe do táxi e de qualquer serviço. E longe da malinha.

Ao final daquelas férias forçadas, quando voltei a ver o táxi, vi a malinha lá dentro. Sem lembrar a qual passageiro pertencia a guardei em casa, sem nem abrir, esperando pela reclamação do esquecido. Que não veio. Nem naquela semana, nem no mês seguinte. Nem no restante do ano. Foi esquecida pelo seu dono e, muito bem guardada, acabou sendo esquecida também por mim.

Meses atrás, rodeado de bisnetos, fui apresentado às maravilhas da nova TV de alta definição. Um disquinho prateado num aparelho fez surgir na tela aquele negro hippie segurando uma guitarra; com certeza uma guitarra. De forma muito nítida a lembrança veio inteira na cabeça. Era um documentário e, numa das entrevistas, um senhor falava sobre as proezas realizadas por aquele jovem guitarrista, mas como a sua criação mais impressionante havia se perdido nos últimos dias de maio de 67. A lenda era a de que Jimi Hendrix havia saído do estúdio com as fitas originais da gravação e as perdido no caminho até o hotel, sem saber exatamente onde. Todas as músicas foram regravadas idênticas, com exceção de uma, que o guitarrista não conseguia mais reproduzir.

Tive que procurar pouco. A malinha ainda estava no porão de minha casa. Dentro vários rolos de gravação, apodrecidos pelo tempo e embolorados pela umidade. Sem qualquer chance de restauração, disse um especialista a quem mostrei.

Trinta anos depois me responsabilizo um pouco pelo que aconteceu. E hoje, ao ouvir Little Wing, música que se tornou a canção tema de meus últimos dias, a curiosidade voa quando aos dois minutos e pouco o fading out corta a música abruptamente. O hippie havia dito “mais de cinco minutos das melodias mais bonitas que eu jamais ouviria”. E eu realmente jamais ouvi. Eu e o mundo todo.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Iron Savior

Para muitos o heavy metal é apenas barulho. Um misto de gritos e urros ininteligíveis, muita distorção e velocidade e letras sobre o coisa-ruim. Tá, isso até que serve para definir uma ou outra música, mas é bem distante da verdade, sobretudo no que diz respeito ao conceito lírico.

Uma das coisas que mais gosto do heavy metal é a sua liberdade de expressão. Embora existam aquelas bandas que preferem tratar de temas corriqueiros, o dia-a-dia, dúvidas e questionamentos pessoais, e até mesmo suas crenças religiosas, é bem comum encontrar as que optam simplesmente pela união da música com outros tipos de arte, e a literatura e o cinema sempre surgem como candidatos a temas. O Blind Guardian é um bom exemplo disso, já que já teve como inspiração, por exemplo, várias histórias de Stephen King, o clássico Blade Runner, O Silmarillion de Tolkien (que ocupou um disco inteiro) e Krynn, mundo em que se ambienta o cenário Dragonlance de Dungeons & Dragons.

Mas mais legal ainda é ver nos discos histórias criadas pelos próprios músicos, contadas através das letras e desenvolvidas álbum a álbum, às vezes até com capas fazendo referência a determinados eventos ou personagens da narrativa.

Um dos exemplos que mais gosto é o Iron Savior. O conceito principal em volta do Iron Savior é a imensa nave (que leva o nome da banda), criada por cientistas da Atlântida, em eras remotamente distantes do surgimento da raça humana como conhecemos hoje. A nave foi criada com um componente orgânico, um cérebro humano ligado ao CPU do computador central – a bio-unit - responsável pelas decisões que exigissem moral e ética, deixando a programação base para o computador. O cientista criador do projeto desejava se tornar essa bio-unit, mas frente à recusa de seus superiores tornou-se amargo e, tentado pela vingança, vendeu aos inimigos da Atlântida os códigos de acesso à nave.

Para impedir que seus inimigos tomassem o controle do Iron Savior, Atlântida não teve outra opção a não ser programar a máquina para uma jornada através do espaço, com a esperança de que a guerra já estivesse vencida quando ela retornasse. No entanto, um erro de programação coloca a nave numa jornada de 350 mil anos. E, durante essa jornada, a bio-unit se torna solitária e começa a questionar sua existência, entrando num estado de dormência.

Seu retorno se dá já no futuro da humanidade como a conhecemos. E a nave não reconhece a civilização como sendo Atlântida, o que desperta suas defesas contra o que só pode ser o inimigo. Com a bio-unit adormecida não há como questionar a real situação, e o Iron Savior torna-se uma ameaça.

O criador da história do Iron Savior é Piet Sielck, guitarrista e vocalista (e produtor) da banda. Já são sete álbuns desde o primeiro, e a história foi sendo desenvolvida, com diversos outros elementos inseridos a cada capítulo. A influência de Star Trek (sempre admitida por Sielck) é bem perceptível, mas mais como uma inspiração do que um guia.

No site da banda (aqui!) tem a história contada direitinho, com diversos detalhes que não caberiam aqui. E nem precisa gostar da música deles.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Encontros e Desencontros

É difícil chegar a uma conclusão sobre qual seria meu filme preferido. Não gostaria de me ater a apenas uma característica para decidir o top1, pois alguns entrariam na disputa pelo simples fato de marcarem alguma época, mesmo que tecnicamente não sejam lá grande coisa. Ou seja, são muitos parâmetros disparatados. Prefiro simplesmente dizer que existem vários preferidos e continuar em frente.

Mas se existe um que chega bem próximo de ser apontado como o líder da minha lista de preferência é Encontros e Desencontros (Lost In Translation, no original). O drama/romance de Sophia Coppola conseguiu quase o impossível, que é o poder de me tragar pra frente da TV em qualquer situação possível, mesmo que eu já o tenho assistido inúmeras vezes. E eu não sou de assistir a um filme inúmeras vezes.

Não sei dizer por que gosto tanto desse filme. É tudo bastante parado, algumas vezes os diálogos simplesmente somem do roteiro, e a trilha sonora é pouco participativa. O filme é opaco, de cores “tristes” e sóbrias. Como se passa em Tóquio, todo o ritmo da cidade parece rondar a dupla de personagens, mas sem nunca capturá-la de fato; é tudo bem devagar e calmo. E mesmo assim, todas essas características acabam funcionando a favor.

Bill Murray e Scarlett Johansson estão muito bem na dupla de personagens principais, dois norte-americanos que enfrentam as mesmas complicações com a cultura e a língua japonesa, e com a dificuldade em conseguir dormir num fuso-horário tão distante do seu. Nada muito contundente ou surpreendente.

E são os questionamentos do momento da vida de ambos, que surgem na trama de forma bastante simples, de sensibilidade bem equacionada, que movem o filme adiante. É o combustível que faz tudo funcionar. Um roteiro que não tem muita agilidade, mas que é cativante e emocionante; mostra a destreza de Coppola, que com tal material em mãos fez um filme muito “confortável” de se assistir.

Mas eu sei que sou minoria ao gostar tanto de Encontros e Desencontros. Não é um entretenimento tão fácil, e nem todos conseguirão extrair dele tanto contentamento quanto eu. Mas, mesmo assim, recomendo a todos que gostam de cinema bem feito.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Encontro com Rama

Ontem à noite terminei de ler Encontro com Rama, de Sir Arthur C. Clarke, a premiada história da “nave” alienígena que se aproxima do nosso sol por tempo suficiente para que os humanos tentem saciar a sua curiosidade.

Mas não é bem uma história propriamente dita. Não no sentido popular do romance literário, pelo menos. É mais uma espécie de compilação das experiências e pesquisas da equipe da nave Endeavour, com os relatos e conseqüências dos eventos gerados em Rama.

De qualquer maneira, é fácil ser tragado pela seqüência natural de descobertas. Tanto a equipe de exploradores, quando o leitor, acaba ficando mais e mais intrigado, e com cada vez mais teorias e mais perguntas não respondidas a cada novidade encontrada.

E Rama é muito impressionante. E assustadoramente muito plausível.

A sensação que tive ao ler Encontro com Rama, em grande parte, foi bastante semelhante à que tive com Nas Montanhas da Loucura, do H. P. Lovecraft. O misto de texto descritivo com a tensão embutida nas dúvidas e temores dos personagens vai gerando um suspense agradável, que te compele a ir adiante cada vez mais, em busca de cada vez mais informação sobre aquele local tão alienígena.

A visão de Clarke é extremamente interessante. Desde o cenário político, até o estado “atual” das colônias humanas fora da Terra. São elementos que enriquecem (e interferem) as aventuras dos exploradores em Rama.

O curioso é que me lembro de Encontro com Rama de quando era criança e ia passear nas livrarias atrás de um novo livro da série Vagalume. Via o nome na lombada e deduzia, com aquela lógica infantil, que se tratava obviamente de uma história de amor, com uma mulher chamada Rama.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Em busca do lanche perfeito

Se tem uma coisa que tenho desde criança, e que me acompanhou na adolescência e por toda a fase da faculdade é o hábito e o prazer de comer lanche. Eu podia jurar que quando me tornasse adulto isso passaria, e que minhas refeições seriam todas certinhas e equilibradas, ao invés daquele amontoado de queijo e bacon num pão. Balela! Ser adulto só me tornou mais exigente no que procuro num lanche.

Se quando criança um micro lanche do McDonald’s parecia bastante legal, na adolescência o tamanho e a quantidade de gordura passaram a ser os parâmetros de qualidade. Mas, agora, com mais experiência, e minha própria grana para gastar na comida que eu quiser, o fast food fica a cada dia menos interessante, pois tenho conhecido várias hamburguerias e lancherias (como as lanchonetes hoje gostam de se denominar) com comida de qualidade real.

As opções das casas sempre são muito interessantes e apetitosas, mas também é muito legal ter a liberdade para montar seu próprio lanche, escolhendo desde o pão em que será servido, o corte de carne de seu hambúrguer, e todos os acompanhamentos que te agradarem.

Os acompanhamentos não fogem muito do básico. Ovo frito, bacon, maionese, queijo, molhos e saladas estão sempre no cardápio. Mas o cuidado com que são feitos, ou a utilização de um queijo estepe no lugar da sempre presente mussarela, por exemplo, demonstram particularidades que incrementam e, principalmente, personalizam o lanche.

Em uma determinada hamburgueria de São Paulo, por exemplo, gosto de comer um lanche com hambúrguer de fraldinha, com molho de bluecheese e bacon. Simples, o famoso hambúrguer-queijo-bacon, mas com personalidade e sabor próprio.

Até agora no topo da minha escala de lanches dignos de nota está a Lanchonete da Cidade, da capital paulista. O ambiente é extremamente agradável e a comida é extraordinária. Nem vou me preocupar se por acaso estou fazendo propaganda grátis do local; é totalmente merecida. Se você ainda não conhece, saber que ela está nesta lista das 50 lanchonetes mais incríveis do mundo pode ser um atrativo a mais.

Voltar a comer o lanche genérico do McDonald’s ou aquelas bolachas extremamente gordurosas de carrinho de portão de estádio? Pode até ser que volte a acontecer. Mas não enquanto eu puder optar por algo melhor.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

The Last Of Us

Agora que eu fui oficialmente conquistado pelo videogame é inevitável não prestar atenção às novidades e aguardar com certa ansiedade por algum jogo novo ainda não lançado. Diversas vezes me pego entrando nos links relacionados e procurando pelas notícias de algum jogo cujo trailer, ou fotos, acabaram me interessando.

Geralmente eu evito criar expectativas, pois um jogo recém lançado é caro, e não quero pagar por ele mais do que aquilo que acho justo. E até agora isso tem funcionado, já que minha pequena coleção se resume a títulos mais antigos que me foram ofertados por valores condizentes à minha realidade (e vontade).

Mas, de uns tempos pra cá, minha curiosidade tem sido aguçada por informações antecipadas de um jogo cuja data de lançamento ainda nem foi divulgada, mas que especulam ser entre final de 2012 e começo do ano seguinte. O jogo se chama The Last Of Us.

A princípio não parece nada extraordinário. O trailer mostra uma humanidade praticamente extinta por um fungo desconhecido, com alguns poucos sobreviventes lutando entre si, e contra o que parecem ser humanos que sofreram mutações graças ao tal fungo. Uma variação dos jogos de zumbi.

E por que esse parece tão interessante?

Não sei responder exatamente, sobretudo porque ando cansado dos zumbis. Mas a beleza das paisagens, e o clima claramente inspirado por filmes como Eu Sou a Lenda e Extermínio, me chamaram a atenção. Fora isso, a dupla de protagonistas me pareceu muito interessante.

Joel é o componente combativo, ligado à sobrevivência física do jogo. O cara que, antes da praga, já tinha que sobreviver mesmo, graças á uma rotina ilícita. Ellie, por outro lado, traz o componente humano à tona. Provavelmente nascida após a praga, suas preocupações são ligadas à história da humanidade, em busca de artefatos que denunciam como era a vida antes do fim, como CDs e livros.

Nada tão impressionante assim, mas muito interessante. A tensão e a paranóia, contrastando com a tranqüilidade das ruínas modernas em que se transformaram as cidades me parecem componentes perfeitos para uma boa história de suspense e terror.


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Desabafo cosmopolita

Como já disse antes, tenho utilizado esse blogue como uma espécie de terapia. Parte desse “tratamento” é tentar re-enxergar alguns textos antigos e criar coragem pra botar eles pra fora do PC.

Este foi feito para um fanzine sobre a vida urbana, mas que nunca foi concluído. E acho que foi lido por umas duas pessoas, apenas. Gosto dele, embora o momento retratado já não represente mais a realidade.

E, graças à internet, pude acrescentar mais do que o crédito da música mencionada no início. A própria está aí para acompanhar a leitura.


É o pulsar do baixo em Desert Trip que me impulsiona. Calmo, linear... Grave em essência, mas com abertura para demonstrações de virtuosismo, que nunca aparecem e que não combinariam mesmo com a voz e com a simplicidade da canção. Na letra, alguém sabe que vai em direção da clausura.

Música perfeita para a reflexão de alguém como eu, que vê o cinza e o embaçado dos grandes prédios de um ponto de vista embebido do bucólico e do pacato transbordante em cidades pseudo-grandes, onde o urbano na verdade não é o oposto do rural, e sim sua versão vertical.

Muitos buscam o saudável e o tranqüilo, fugindo da rotina desvairada e interminável de um dia de 18 horas, com alguns minutos de descanso nas viagens de ônibus e o metrô, quando sentados. Já meu stress seria sanado com um pouco de paulistanice e compromissos que tomariam mais tempo do que um dia poderia oferecer.

É o caminho inverso. Uns querem saúde, eu quero fugir dela. Talvez um pouco de preocupação tipicamente urbana, algumas veias entupidas de gordura e açúcar, e noites de insônia me devolvessem à vida normal. Ou, pelo menos, do que poderia ser normal.

Muito bom saber que a água que eu bebo é mais limpa, ou que o ar que respiro tem uma porcentagem minúscula de poluição. Tudo isso faria muita gente feliz. Não é o caso aqui. Eu, sinceramente, queria meus olhos ardendo de vez em quando.

Pode ser uma incoerência enorme. Mas é a verdade. Gostaria de abrir a janela pela manhã e poder ver aquela bela nuvem cinzenta e aquele mar de telhados sujos e acinzentados, ao invés de árvores que verdejam montanha adentro, levando, na verdade, a lugar algum, delimitando limites ao alcance de olhos desprovidos de qualquer equipamento.

Do contra? Sim, admito. Mas com a satisfação de ter minha porção cosmopolita parcialmente satisfeita pelo desabafo.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Maldita moda de mortos-vivos

Já foi o tempo em que eu me interessei por vampiros e zumbis. Os dois monstros, cada qual à sua maneira, conseguiram, por algum tempo, me impressionar a ponto de me levar aos livros, filmes, HQs e demais veículos que utilizassem seus conceitos e lendas. Mas não mais.

É fato, ambos estão na moda. E essa superexposição acaba gerando cada vez mais produtos, e cada vez com menos qualidade. Nisso a originalidade vai se extinguindo aos poucos até que tudo acaba sempre parecendo igual.

O último vampiro que realmente me impressionou foi o de Gary Oldman, em Drácula de Bram Stoker, de 1992. Aquele misto de cavalheiro e monstro, se não chegava a assustar, pelo menos fazia jus a toda tentativa anterior do cinema e literatura em personificar o vampiro ideal.

De lá pra cá os vampiros foram sendo torcidos e adaptados a diversos tipos de tramas e enredos, desde o “casal” de Entrevista Com o Vampiro, aos combatentes de Underworld, chegando a essa nova fase purpurinada dos vampiros vegan de Crepúsculo.

Algumas outras adaptações até que tentaram algo novo e interessante, mas as boas idéias acabaram esbarrando em execuções não tão atrativas, como a HQ 30 Dias de Noite, e sua versão cinematográfica.

Já o conceito de turba incansável que os zumbis representam nunca chegou a ser minha preferência. Embora goste dessa idéia de força imparável, assistia aos filmes e lia alguns quadrinhos com o mesmo interesse que dispenso ao outros monstros clássicos. Normalmente as boas idéias nunca eram utilizadas nos monstros, e sim nos que tentavam sobreviver.

Quando encarada como uma espécie de doença, a praga dos zumbis fica um pouco mais interessante, embora fuja do conceito clássico. Dois filmes me agradam justamente por isso. O primeiro é o inglês Extermínio, embora o foco seja novamente nos sobreviventes. O outro é o espanhol REC.

Uma das grandes exceções é Celular, de Stephen King. Aqui consegui me surpreender com uma idéia razoavelmente simples e que é uma evolução do conceito rotineiro aplicado ao morto-vivo. Isoladamente um zumbi não causa tanto espanto, mas coletivamente pode ser bastante assustador. Talvez eu escreva especificamente sobre esse livro algum dia.

Vampiros e zumbis são dois tipos de mortos-vivos que deveriam estar relegados ao submundo, ao underground, mas que, curiosamente, estão populares o suficiente para gerarem filmes, livros, seriados, e se tornarem ídolos e heróis de adolescentes. E é por isso que eu me afasto dessa moda como o vampiro se afasta da cruz... Se é que isso ainda acontece...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O primeiro Burn você nunca esquece

No último final de semana fui para São Paulo. Domingo seria o show do Amorphis e eu queria aproveitar o sábado para dar uma volta na Galeria do Rock, coisa que eu não fazia há muitos meses.

Como sempre, minha esposa e eu separamos os CDs para viagem, escolhendo coisas que ambos gostamos de ouvir. Dessa vez ela queria especificamente algo com o Glenn Hughes, então pegou o Stormbringer, do Deep Purple.

Mas eu pisei na bola. Esqueci o Stormbringer pra trás. Só descobrimos isso depois de termos ouvido todo o primeiro disco. Pra tentar remediar a coisa, prometi pra ela que compraria então o Burn, do mesmo Deep Purple, pra ouvirmos na viagem de volta.

E, vocês sabem, o Burn é um disco icônico do rock. Um daqueles álbuns que todo mundo tem que ter. E era uma lacuna imensa na minha coleção de discos. Meu esquecimento, então, serviria para me forçar a corrigir essa falta na estante.

Tudo isso já seria o suficiente para eu nunca me esquecer do dia em que comprei o Burn. Mas teve mais...

Com a internet ficou muito fácil de comprar CDs, mas fazer isso na Galeria do Rock, por mais enfraquecida que esteja, ainda é meio mítico. Seja porque você revê aqueles personagens que estão lá desde que visitou o lugar pela primeira vez, ou porque cada compra te garante um papo com o vendedor. A verdade é que a Galeria ainda pode ser muito legal.

E eu estava lá, cheio de sacolinhas na mão, quando entrei na Die Hard para ver o preço do Burn. Já tinha decidido que compraria lá mesmo, pois o atendimento é sempre bom e eles raramente não têm os discos que procuro.

E com o Burn já devidamente embalado, recebendo meu cartão de volta das mãos do vendedor, o dono da loja (que está sempre por lá, diga-se) me cumprimentou sorridente e disse: “você vai lembrar para sempre desse dia, porque a gente nunca esquece quando compra o primeiro Burn”. Então contei a ele a promessa que fiz à minha esposa. Ele riu, claro, e confirmou o que já havia dito: “Melhor ainda. Agora que não vai esquecer mesmo!”.

Poderia ter sido uma compra comum. Teria escolhido o disco, pago, e saído da loja sem nenhuma história pra contar. Mas a Galeria do Rock ainda tinha essa reservada pra mim. E, pelo jeito, o camarada estava certo, o primeiro Burn você realmente nunca esquece.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Terapia do escrever

É engraçado como eu sempre soube que gostava de escrever. Escrevia por hobby, sem qualidade mesmo, só para satisfazer o meu prazer em tornar meus pensamentos em palavras. Comecei à mão, com caderno e caneta, depois máquina de escrever. Pois é, faz tempo...

Computador só fui ter no finalzinho da faculdade. Jornalismo, aliás. Minha idéia era aliar o meu prazer em escrever a algo necessário, profissão. Funcionou por algum tempo, mas o saldo foi muito negativo.

Aos poucos eu fui perdendo o prazer em escrever. Trabalhava escrevendo. Era minha obrigação. Dessa forma, em casa, tudo o que eu não queria fazer era escrever.

Às vezes uma idéia que me empolgava surgia na cabeça e eu ia lá, pra frente do micro, tentar botar em palavras aquilo que eu tava imaginando. Não saía dos primeiros parágrafos. Tentava uma vez, duas, mas geralmente o que acontecia era uma burocratização dessas idéias, que automaticamente deixavam de ser interessantes.

A profissão acabou com meu prazer em escrever ao me fazer enxergar o texto como ele deveria ser, e não como eu gostaria que fosse. Crônicas, contos, até mesmo algum comentário em rede social passavam por dezenas de revisões. No final eu acabava nem escrevendo nada, de tanto desgosto da pasteurização a que eu submetia esses textos.

E hoje, quase dez anos depois de ter largado a profissão de jornalista, ainda sofro com esse mal. Na verdade nunca deixei de escrever, mas poucas vezes me senti confortável em aprovar algo; em deixar alguém ler alguma dessas coisas.

Exatamente por isso tenho tentado levar esse blogue adiante. Tem sido uma espécie de terapia. Alguns textos não ficam como eu queria, sofrendo ainda o excesso de revisão e polimento. Mas é uma tentativa de “cura”.

E o mais importante de tudo: escrevo pra mim. Não escrevo para que alguém leia. Só que, depois de tanto tentar, publicar na rede e não me importar que algum desses textos seja lido já é um imenso avanço.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Dragão de Sua Majestade

Sou fã da literatura de Bernard Cornwell. Já li uns quinze livros dele e tenho mais uns dois aqui na fila. Gosto do texto, dos personagens e, sobretudo, do fato dele conseguir encaixar perfeitamente sua ficção dentro de momentos históricos importantes, mas sempre tentando ser o mais fiel possível ao que teria acontecido caso seu personagem tivesse tomado parte de fato dos eventos reais.

Tendo explicado isso, é normal que, passeando pelas livrarias, eu acabe procurando por autores que tenham o mesmo tipo de proposta, embora dê preferência por aqueles que chamem minha atenção por oferecer algo mais (pois não espero que ninguém no mesmo estilo vá superar Cornwell). Numa dessas conheci e me interessei pelo primeiro capítulo da série de Temeraire, O Dragão de Sua Majestade, de Naomi Novik.

Novik compartilha parte de seu estilo com o de Cornwell. A trama se passa durante as Guerras Napoleônicas e os eventos reais do período são trazidos para o texto e influenciam a ficção. No entanto, O Dragão de Sua Majestade, obviamente foge bastante da realidade já que, como o título anuncia, há um dragão na história.

Na verdade Temeraire não é o único dragão na história. Na série de Naomi Novik dragões existem e são aliados dos homens, funcionando como combatentes dos exércitos. Na verdade, acabam sendo mais um tipo de aeronaves dos exércitos. Temeraire e seu capitão, Lawrence, são do corpo de aviadores do Reino Unido, e defendem seu país contra as investidas de Napoleão Bonaparte, cujo exército é temido graças ao grande contingente de dragões.

A premissa é interessante, mas a execução nem tanto. Novik até que se prende bastante aos costumes e tradições militares que criou para o cenário e tentou ao máximo se aproximar daquele período histórico, inserindo a dupla de personagens, aos poucos, à realidade da guerra. Mas, no geral, a impressão que tenho é de estar lendo uma espécie de Eragon no tiro de guerra.

Com todo o contexto histórico a ser explorado dentro desse panorama draconiano, a trama é muitas vezes deixada de lado para Novik focar na relação entre homem e dragão, gerando até certo constrangimento. Algumas posturas claramente não combinam com a realidade de um exército e tudo isso contribui contra a leitura.

Eu não diria que é ruim, e sim que é decepcionante. O enfoque é claramente diferente daquilo que eu buscava. No capítulo seguinte, Trono de Jade, a história de Lawence e Temeraire continua. E, aparentemente, o foco volta a ser a relação entre os dois, deixando todo o cenário histórico realmente em segundo plano.

Uma pena, a idéia parecia muito promissora.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Jogo do Exterminador

Eu me considero um leitor bastante assíduo. Tenho sempre uns dois livros em “movimento” e nunca paro de aumentar a fila dos que esperam para serem lidos. Por isso raramente pego algum para reler, mesmo quando a lembrança começa a falhar demais.

Mas tem alguns que merecem uma segunda vez. Já reli um porque queria relembrar da história antes de assistir à adaptação no cinema; outro porque tinha tantos detalhes que alguns passaram meio despercebidos na primeira vez.

Mas tem um livro que eu tive que ler em três ocasiões: O Jogo do Exterminador. E foi o único que conseguiu tal proeza.

O Jogo do Exterminador (Ender’s Game, no original) foi meu primeiro contato com a literatura sci-fi, e acho que eu ainda tinha uns 12 anos. Um primo mais velho, grande aficionado pelo gênero, me emprestou vários livros e esse clássico de Orson Scott Card estava entre eles. Foi uma leitura difícil na época. Alguns termos eram muito alienígenas pra mim; a essência, entretanto, foi captada da melhor forma possível.

Já na época da faculdade, com vários amigos nerds e fãs do mesmo tipo de literatura, volta e meia o livro vinha à nossas conversas e, graças àquele velho exemplar do meu primo, pude rever muitos detalhes que eu não havia entendido na primeira leitura. A guerra entre humanos e alienígenas adquiriu contornos mais interessantes, e deixava de ser a história do garoto que treinou para batalhar.

Anos depois de conquistar meu diploma, passeando num shopping em Campinas vi uma nova versão do livro. O exemplar do meu primo havia sumido na mão de alguém que o pegou emprestado e acabei levando aquela nova pra casa. No mesmo dia recomecei a leitura.

E Ender Wiggins ainda parecia o mesmo garoto assustado, embora todos os motivos de seu treinamento parecessem cada vez mais obscuros e malignos. Afinal, é a história do garoto selecionado a dedo para se transformar naquele que deveria levar os humanos à vitória contra os alienígenas invasores. Dane-se a inocência, a humanidade precisava sacrificar algo mesmo. A guerra era a prioridade.

Hoje, prestes a virar filme, O Jogo do Exterminador ainda me parece o ápice do sci-fi na literatura, dentre aquilo que li. Muitas vezes me pego olhando para a estante e verificando se ele ainda está lá. E toda vez tenho vontade de reler um ou outro trecho que surge na cabeça.

Rob Zombie é o cara (esquisito)

O Rob Zombie é uma espécie de gênio, daqueles meio loucos, incompreendido por uns e adorado por outros, independente daquilo que está fazendo no momento.

Eu demorei um pouco para descobrir o cara. Seus anos de White Zombie nunca me chamaram a atenção, embora gostasse de uma música ou outra. Conseqüentemente, quando a banda acabou e ele começou sua carreira solo, acabei não dando muita bola; descobri recentemente, apenas.

Músico, diretor de cinema e televisão, e figura icônica do rock, Rob Zombie hoje até que desfruta de certo prestígio, embora, numa comparação direta, ainda seja preterido em qualquer pesquisa de popularidade para marionetes da mídia, como Ozzy Osbourne ou qualquer um daqueles palhaços do Slipknot. O que é um absurdo.

E, embora eu goste de sua carreira cinematográfica, é a música de Rob Zombie que realmente me espanta. É algo entre o rock ‘n’ roll e o heavy metal, mas completamente livre para ir e vir dentro de vários estilos e experimentos. Seus discos nunca são maçantes.

Acho que Never Gonna Stop (The Red, Red Kroovy) é a música que melhor representa aquilo que penso sobre o Rob Zombie. É difícil de rotular, mas seria algo como um metal dance very fuckin’ evil. Legal pacas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Silent Hill: Homecoming

Quando joguei o primeiro Silent Hill, no já obsoleto Playstation 1, fiquei muito, muito impressionado. Era meu primeiro contato com aquela geração de jogos de tramas longas, com quebra-cabeças empolgantes e a sensação de que algo sempre estava para acontecer. Os gráficos, para a época, eram muito bons, e toda a composição da cena, com a neblina constante, os chiados do rádio e a parca luz da lanterna criavam um clima aterrorizante.

Por muitos anos eu falei de Silent Hill como sendo minha maior experiência com um jogo de videogame, hobbie que nunca tomou grande parte do meu tempo. Na época eu havia jogado menos de um terço da trama toda, pois o videogame não era meu. E não pude avançar mais, pois o dono do console apagou meu progresso de seu memory card.

Anos depois, quando tive uma oportunidade, fui atrás do jogo e, emulei o Playstation no meu PC para conseguir, enfim, finalizar o jogo, satisfazendo a vontade que carreguei por bastante tempo. E a conclusão que tive na época era que nada poderia ser melhor que Silent Hill.

Virei um fã da franquia e acompanhei seus lançamentos seguintes de longe. Meu PC não conseguiria rodar os jogos seguintes, já para o Playstation 2, e demorou quase uma década para que eu enfim pusesse as mãos no segundo jogo da série.

Silent Hill 2 era uma progressão de tudo que o jogo original oferecia. Com gráficos melhores e uma trama bem mais voltada ao lado psicológico do personagem principal, sem conexão com o capítulo anterior, SH 2 conseguiu superar seu antecessor com boa vantagem. Era um jogo que eu simplesmente não conseguia jogar sozinho em casa.

Quando comprei o PS3 um dos meus primeiros pensamentos foi voltado à série. Com maior capacidade, gráficos melhores, e maior experiência da produtora com certeza Silent Hill deveria ter se transformado em algo digno de pesadelos. E, contrariando minha sistemática, pulei os capítulos que ainda não tinha jogado e fui logo para a primeira produção voltada para o PS3, Silent Hill: Homecoming.

Os gráficos com certeza me agradaram, é tudo realmente muito assustador. Mas, infelizmente, a trama e o personagem me decepcionaram profundamente. Alex Shepherd, o “herói” do jogo, é um soldado e, como tal, tem treinamento para sobreviver contra as criaturas, o que na prática te faz prestar mais atenção em como combater, ao invés de simplesmente sobreviver. Além disso, a trama enveredou por algo claramente influenciado por aquela onda de horror explícito meio gore de O Albergue, e outras produções na mesma linha, que não casou bem com o lado mais psicológico da trama.

Se eu não conhecesse os dois primeiros jogos da série provavelmente teria gostado bastante desse Homecoming. Mas a comparação foi brutal demais para esse capítulo, e minha decepção acabou sendo a marca registrada do jogo, pra mim.

Agora a torcida é para que todos os erros sejam reparados no próximo capítulo da série, Downpour, prometido para o primeiro trimestre desse ano. Os primeiros trailers, pelo menos, foram bastante bacanas e me agradaram bastante!