sexta-feira, 30 de março de 2012

Flying Colors e Adrenaline Mob

Mike Portnoy acertou duas vezes. E essa afirmação é uma coisa rara hoje em dia, pois o baterista vinha numa seqüência deplorável de escolhas. Desde que atingiu status de “rockstar”, deixou sua popularidade superar a qualidade musical, quis excursionar com a molecada do Avenged Sevenfold, sugeriu uma pausa nas atividades do Dream Theater, seu “emprego” principal e, com a recusa dos outros membros, acabou deixando a banda que ajudou a criar e popularizar.

Pra mim estava claro que Portnoy estava mais interessado em aparecer, pois logo que se viu sem banda, o baterista começou a anunciar “projetos” com grandes nomes do rock e heavy metal. Com Russell Allen criou o Adrenaline Mob, com os Morses Steve e Neal montou o Flying Colors, e ainda anunciou um terceiro enrosco com George Lynch, que não vingou.

Mas esses projetos superaram qualquer expectativa que eu tinha. De longe.

O primeiro, Adrenaline Mob, logo lançou um EP não muito promissor. As músicas eram boas, só que o disco não tinha consistência. Já Omertá, o álbum completo recém lançado, acaba com essa impressão. Não tem nada de novo, e é longe daquilo que o baterista fazia com o Dream Theater, mas é muito bom. Os vocais extremamente agressivos de Russell Allen combinam com os riffs sujos e os shreds de Mike Orlando, num misto de heavy metal com algo aqui e ali de hard rock. Indifferent, Pscychosane e Undaunted são músicas excepcionais.

Já o Flying Colors deve ser tratado de outra forma. O disco é uma obra de arte. A idéia inicial da banda seria a de unir virtuosidade musical a uma voz de apelo claramente pop; funcionou exageradamente bem. Tudo é extremamente bem equilibrado, sem que qualquer um dos envolvidos exerça um papel mais destacado que os outros, o que é bastante impressionante se levar em conta os envolvidos: Portnoy, Steve Morse na guitarra, Neal Morse no teclado e vocal, Dave LaRue no baixo e Casey McPherson no vocal.

A primeira música, Blue Ocean, espanta pela naturalidade e pelo clima de jam session. Os timbres e melodias combinam de todas as formas, backing vocals encaixados à perfeição, não há exageros técnicos desnecessários. Fica difícil de acreditar que o disco vai manter um padrão tão alto, mas é o que acontece. Músicas como Soulda Coulda Woulda, The Storm, Love Is What I’m Waiting For, Fool In My Heart e a excepcional Kayla (uma música fora dos padrões, uma das mais bonitas lançadas nas últimas décadas!) só confirmam tudo o que eu disse.

O Flying Colors vai mudar o mundo? Não vai, porque nem todo mundo vai ouvir o disco. Mas deveria mudar o mundo, pois isso é música em seu nível mais alto.

Mike Portnoy acertou duas vezes.

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