Meu sonho de ver o Fates Warning ao vivo foi realizado dia
14/04, quando os pais do que hoje se chama prog metal se apresentaram no Brasil
pela primeira vez em sua história. Embora fosse o opening act da noite, que
tinha como headliner o Queensrÿche em sua turnê comemorativa de 30 anos, muita
gente compareceu ao HSBC Brasil única e exclusivamente pelo FW. E eu era um
desses.
Quando as sirenes (que abrem o disco Disconnected, de 2000)
começaram a soar nos PAs eu já estava completamente envolvido pelo sentimento
de satisfação. Já sabia mais ou menos qual seria o set list, pois vinha
acompanhando seus repertórios desde o começo do ano, e quando todos os músicos
subiram ao palco (incluindo aí o ex-baterista do Dream Theater, Mike Portnoy,
convidado especial para esse show) a expectativa por One (também do Disconnected)
se mostrou correta.
One é a música perfeita para o FW abrir seus shows, e a seqüência
com Life In Still Water e A Pleasant Shade Of Gray, Part III manteve o padrão,
pois são canções que juntas reúnem todas as principais características da
banda. Toda as mudanças e quebras rítmicas, os refrões melodiosos e a bateria
extremamente detalhada (tocada quase à perfeição por Portnoy, que fez algumas
alterações e cometeu alguns erros perceptíveis apenas por quem conhece as
músicas à fundo) estavam lá e fizeram a alegria dos fãs.
Eles tocaram músicas de todos os discos da fase Ray Alder,
ignorando os três primeiros álbuns, registrados com a voz de John Arch.
Pallalels (91), talvez seu disco mais clássico, foi o grande destaque, com suas
músicas sendo cantadas por muitos fãs. Foi muito legal ver o povo cantando
Point Of View e Eye To Eye, e a reação da banda mostrava que eles não esperam
algo assim.
A grande surpresa do set foi Pieces Of Me, do Disconnected,
e que foi muito bem recebida. O Fates Warning não vinha tocando a música nos shows
europeus, e sim Still Remains, com seus poucos mais de 15 minutos de duração.
O fim veio com Monument, clássico do Inside Out (94). Um
encerramento adequado, mas para os fãs, muito precoce. Já se sabia que o show
seria curto, mas eu simplesmente não queria que acabasse. Eu ainda queria ver Outside Looking In, At
Fates Hands, We Only Say Goodbye, So, Silent Cries, Don’t Follow Me, Simple
Human… Enfim, pra me contentar totalmente teria que ser um show de umas
duas horas e meia.
Outra coisa que me impressionou é a postura dos caras no
palco. A presença do baixista Joey vera é impressionante, muito seguro e muito
à vontade, parece que está fazendo a coisa que mais gosta na vida. A volta dos
solos de Frank Aresti (e seus backing vocals) fez muito bem ao Fates Warning.
Jim Matheus, o gênio por trás do FW se contenta em fazer suas bases, enquanto
Ray Alder canta como poucos. Uma banda muito equilibrada.
Já o Queensrÿche fez um show agradável e que abrangeu grande
parte dos seus discos. Alguns clássicos de que realmente gosto foram tocados
entre outras músicas que não dou muita bola, mas que garantiu minha presença
até o final do espetáculo.